Bayard Demaria Boiteux (1916 - 2004)

NA ESCOLA, TAL COMO NO MUNDO, TODOS SOMOS PROFESSORES E TODOS SOMOS ALUNOS.
(Faculdade Economia Porto)

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Professores Contratados e Professores Contratados...


Tendo em conta o que está redigido nos seguintes e velhos e esquecidos normativos, como a Lei 12-A/2008 e a Lei 59 de 2008, só agora todos os professores se aperceberam de que passaram para o regime de Contratados.
O discurso de Nogueira no Youtube já tem barbas no tempo....
Os Professores, agora, dividem-se em:

Os dos Quadros (Escola / Agrupamento / Zona / etc.) que passaram para Contratados por tempo indeterminado, enquanto que os Outros ficarão como Contratados a Termo Certo (Força-de-trabalho barata e pouco aguerrida, porque o Governo com a partição horária/escola e a ADD criou, por antecipação, mecanismos de repressão de eventuais impulsos hormonais descontrolados).

Ora, é neste último grupo que estou incluído e este meu desabafo apenas se refere ao grupo em questão.
Reconheço que quem vem para este sector do mercado de trabalho, nem sempre aparece pelas melhores das razões, umas mais sérias que outras.
Podemos (tal como os do quadros extintos) estar por vocação ou para evitar o desemprego ou para nos sentirmos úteis a nós próprios, etc., etc.
Mas, também existem os oportunistas que dão  má reputação aos restantes colegas contratados, com o assumir de comportamentos negativistas, visto que o que lhes interessa é fingir que trabalham e receber algum dinheiro, para além do facto de num passado recente, terem manifestado opiniões públicas (tinham outras profissões, como trabalhadores chefes de pequenas empresas que entretanto abriram falência) contra os professores que eram uns malandros preguiçosos e só protestavam com manifestações disparatadas.
Na verdade, em algumas das escolas, recentemente reequipadas com muitos computadores, esses oportunistas, com a argumentação de que as aulas devem ser dadas com formas alternativas de descoberta de novas realidades, despejam os respectivos discentes nas bibliotecas, para pesquisarem pretensos assuntos na internet (alunos sem supervisão transformam-se em potenciais talibans que obrigam ao encerramento dessas instalações). Estes falsos professores ficam estacionados ali durante cerca 10 minutos e depois, com uma desculpa irrisória qualquer, desaparecem das instalações (aparentemente visíveis) da própria escola.
Por vezes, encontra-mo-los em locais e poses pouco recomendáveis, tendo em conta os respectivos horários de trabalho, por exemplo no Dolce Vita de Coimbra.
Em outras escolas a colocação tardia dos respectivos docentes obriga-os, nos cursos profissionais, a fazer reposição de aulas não dadas anteriormente.
Chegam e ameaçam, se for obrigado a fazer serviço extra sem pagamento adequado, meto baixa médica; os outros professores da área disciplinar que fiquem com essas horas, para além das que estão obrigados a leccionar.
No total de 2 escolas, tenho um horário de 22 horas semanais com reposição de outras horas lectivas ainda não leccionadas, para além das horas não lectivas e da disponibilidade para exercer determinadas tarefas e agora ainda tenho de ajudar uma colega insular a dar o respectivo serviço de Portuñol?


Mas o tempo das vinculações a termo certo é que está na berlinda, porque na verdade TODOS os PROFESSORES, directa ou indirectamente estão na situação de Provisórios.
Os Primeiros, ao verem desaparecer determinadas áreas disciplinares/cursos profissionais, já de idade avançada e com laços familiares estabilizados podem não se sentirem muito à vontade para agarrarem na trouxa e irem para o regime de mobilidade; tendencialmente serão como que convidados para pedirem a reforma penalizante.
Os Segundos, vendo desaparecer o número de horários (talvez um infortúnio transitório até que a tutela fique satisfeito com o número de candidatos às letras reformadas), sempre podem migrarem para outras paragens, porque somos novos e com outra vitalidade até teremos mais condições de chantagear a tutela (supondo que os velhos estarão de cangalhas e sem capacidade de enfrentarem concorrência), porque por pouco mais de 1000€ pouco temos a perder, enquanto que os da 3ª idade perderão muito mais.
Ainda por cima, quando a continuação dos cursos EFA fica dependente da não contratação de professores contratados a termo certo.
A revolução de Jasmim também pode cair em Portugal e aparecer um Robespierre qualquer que obrigue a sociedade a criar uma nova república...


Um Contratado Provisório
(devidamente identificado)

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Parafraseando o colega, nada melhor do que tentar compreender as duplas Dupont et Dupond ou o dueto do Papageno e da Papagena; porque na realidade a maioria dos professores parece alheada da realidade e talvez não se tenham ainda apercebido sobre a precariedade do respectivo emprego.
Na realidade, Todos os Professores, em termos de vínculo encontram-se no fio da navalha, tudo dependendo da ética de cada um dos Directores.

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