O OGE para 2009 parece, à primeira vista, segundo as notícias dos Media, um bodo aos pobres, para as pessoas singulares, das classes média e média baixa. Puro engano, nomeadamente em termos de benefícios de salários reais.
Em 2008, as previsões da inflação indiciavam 2,1% e os salários nominais aumentariam em média, na mesma proporção, mas, tal como o Ministro das Finanças reconheceu, dia em princípio, a inflação, no mínimo dos máximos chegará aos 2,9% (se não for superior). Temos aqui uma perda de 0,8 pontos percentuais de salário real, Agora as previsões, em termos nominais, serão de taxa de inflação de 2,5% e os aumentos salariais de 2,9%. Na realidade, pelo cruzamento de dados, do INE, do BP e do DCP, por um lado, e da U.E. e da OCDE, as previsões prometem sair furadas e a inflação em 2009 atingir os 3,4% e nesse caso, a deflação dos preços conduziria à obtenção de uma perda do salário real, nestes 2 anos, a um valor próximo de 1,2 pontos percentuais (contínua quebra dos salários reais).
Por outro lado, vem o Governo dizer que se a taxa de inflação é da ordem dos 2,5%, então os escalões do IRS também serão actualizados pelo mesmo valor. Mas, como o salário nominal aumenta 2,9%, temos o paradoxo de que a multiplicação dos pães pode ser inferior à infinitésima partícula de um neutrão, elevada à máxima potência; ou seja, cerca de 400 000 famílias podem, eventualmente pagar mais IRS, porque sobem para um escalão superior e, neste caso, os ganhos salariais reais podem ter um crescimento negativo bastante pesaroso.
Temos promessas eleitorais negativas, mas travestidas de medidas de compensação pelos efeitos da crise financeira especulativa, nos mercados internacionais. Os benefícios vão direitinhos para os círculos especulativos, sob a capa de ajuda às famílias mais carenciadas (vira o disco e toca o mesmo); na verdade, o que desce em IRC, no injectar de € no sistema financeiro e no fim das cobranças fiscais por conta, tem de ser compensado pelo aumento da receita fiscal em IRS: ninguém dá nada a ninguém e este Governo, muito menos.
Estamos pois, perante um disparate intencional documental.
Nenhum comentário:
Postar um comentário