Bayard Demaria Boiteux (1916 - 2004)

NA ESCOLA, TAL COMO NO MUNDO, TODOS SOMOS PROFESSORES E TODOS SOMOS ALUNOS.
(Faculdade Economia Porto)

sexta-feira, abril 24, 2009

25 Abril de 1974 ...!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Desde há 35 anos, estas comemorações pretendem, todos os anos, ser inovadoras. Quiçá, durante os anos de 1975, 1976 e 1977, a sinceridade era afectiva.
Agora, parece tudo tão folclórico e consoante os interesses políticos e partidários de momento; como se o amanhã fosse mais radioso e diferente.
Na realidade, poucos se lembram dos tempos em que falar ou murmurar com conhecidos, familiares ou outras pessoas era um risco perigoso; ninguém sabia quem era amigo de quem; os Informadores, os agentes da PIDE, a Prisão, a Tortura, etc., estava tudo tão perto...
Na verdade, talvez apenas cerca de 30% da população se sinta, de alma e coração, com todo o processo militar de derrube de um regime corrupto e podre; outros 30% sintam saudades do passado, apesar de ainda não terem coragem para o admitir; os restantes 40% estão numa situação de indiferença, na medida em que, nasceram ou acordaram para a realidade da vida, depois dessa data.
Interessa pois, na nossa modesta opinião, recordar os momentos de vivência desse dia. Aqui no burgo, as experiências foram diversas, umas mais activas e outras mais expectantes.
1 - Estava em Leiria, vivi de 1965 a 1980, e passei a subir a descer e a avenida Marquês de Pombal (para além de algumas e poucas vivendas, apenas existia um prédio com três andares) , de bicicleta durante cerca de duas horas (talvez descarregando a adrenalina de um momento, anteriormente comentado em surdina, dentro do ambiente familiar), com uma vivacidade no pedalar, nunca antes demonstrada e apenas encontrei duas amigas, vindas do liceu, pelas 11 horas, junto ao hotel EuroSol, que se sentiam algo confusas.
2 - Levantei-me, como todos os dias, pelas 5 horas da matina e antes do matabicho, já estava na coorte do gado a prepará-lo (tirar o leite) para ser levado para o lameiro. Tomei o pequeno-almoço, pelas 6 horas e às 6h 30m despedi-me da família e agarrei na sacola dos livros e pus-me a caminho da escola/ciclo: andar cerca de 5 km pelo monte até apanhar a carreira no Barracão, pelas 7h 30m e chegar à vila um bocado antes da hora certa, pelas 8h 30m. As aulas da manhã decorreram normalmente e só depois do almoço, na cantina, é que fomos informados do encerramento da Escola, durante dois dias e dos respectivos motivos. Motivos longínquos (cerca de 700km) lá para as bandas da Capital, de Lisboa... Assim, todos os que viviam nas Aldeias regressámos a casa mais cedo. Só dois meses depois fomos tomando consciência dos factos.
3 - Sei o significado desse dia, pelas conversas dos meus Pais e Tios, visto que só nasci em 1976; mas é uma memória composta de quadros imaginados, em que a minha pessoa também pertencia ao MFA, como quando lia as aventuras nos romances de Júlio Verne ou de Emílio Salgari.
4 - Na minha família, tradicional e conservadora, o movimento militar foi perspectivado com muitas reservas, visto que era tradição respeitar os altos valores patrióticos do regime derrubado. Todos os novos descendentes, uns já nascidos, embora de tenra idade (como a minha pessoa) e outros posteriormente, não herdaram a tradição familiar e desonraram a pátria: tornaram-se radicais com a idade e hoje os nossos progenitores devem perguntar onde erraram, na educação de tais filhos desnaturados.
Podíamos passar este tipo de vivência pessoal a outos bloguistas que têm o sacrifício de nos visitarem e lerem os disparates aqui colocados.
Pensamos que cada um é livre da forma se expressar em homenagem ou em crítica ao MFA, à sua maneira.

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