Bayard Demaria Boiteux (1916 - 2004)

NA ESCOLA, TAL COMO NO MUNDO, TODOS SOMOS PROFESSORES E TODOS SOMOS ALUNOS.
(Faculdade Economia Porto)

domingo, maio 10, 2009

Violência Doméstica (com tentáculos ao mundo laboral) – 5

Uma das vertentes menos conhecidas, dentro desta problemática, situa-se numa determinada classe social, de nível económico algo abastado mas de nível cultural e educacional baixo, localizada em regiões específicas (não queremos negar que em outras regiões isso possa acontecer, mas são situações isoladas e não endémicas) e detentores de empresas de trabalho intensivo (Cova da Beira: Lanifícios; Distrito de Aveiro: Calçado; Vale do Ave: Vestuário e Calçado). Quando o País entra em períodos de crise, determinados comportamentos assumem um caráter ainda mais sórdido. Estes Patrões, normalmente ex operários especializados conseguiram obter fundos necessários à abertura de pequenos centros de produção, que foram ou não prosperando. A Violência Doméstica é socialmente aceite, dentro destas famílias, na medida em que existem benefícios compensatórios, de diversa ordem. Ao lado do Gabinete de trabalho, existe um arrumo com um mínimo de condições de sobrevivência, estilo retiro espiritual, para o remanso do Patrão com a Dulcineia eleita, normalmente trabalhadora simples (de nível de execução, ao contrário do que é propalado sobre Secretárias ou Técnicas Superiores). Mas é aqui, que este aspeto assume o seu lado mais sórdido, quando o Patrão, numa de grande benevolência, aceita contratar familiares colaterais do sexo feminino e se aproveita da fragilidade de dependência já que Ela é uma pessoa que constitui, normalmente o único sustentáculo financeiro da família.
Ela perante o Medo, de ser despedida e o Medo de eventual conflito conjugal (Famílias desestruturadas) aceita tal submissão humilhante em silêncio.
Por outro lado, em casa do Patrão, a violência assume contornos diversificados e bem definidos, nomeadamente quando o cônjuge sofre na pele a ação de violência física e é obrigada a assumir a Despersonalização da sua pessoa, deixando de usar publicamente o seu nome e substituindo-o pelos nomes (apelidos) do marido. Como compensação desta solidão familiar social, é proporcionado à respectiva cara metade, o direito de aderir ao processo de adoção (embora, na maior parte das vezes, não reunindo as condições legais mínimas exigidas), sem ficar em lista de espera. O seu Influente marido e Patrão, desembolsa umas milecas e todos os procedimentos processuais, como que se evaporam e se não existem crianças com as características adequadas, a comissão de proteção de menores procurá-las-á junto de famílias de menores recursos, com rendimentos de reinserção social ou potencialmente promotoras de situações de risco.
Não foi por acaso que situações destas foram denunciadas por um célebre magistrado do Tribunal de Família de Braga, com declarações polémicas e que puseram em polvorosa algumas das mais respeitáveis famílias da Região. É evidente que o Juiz foi chamado à pedra e transferido de posto.

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