Sa sequência do artigo de 1 de Outubro de 2009, sobre as Técnicas Gestão Comportamento Eleitoral - 1, recebemos a carta, via Email, de uma mãe professora preocupada e desconcertada perante este tipo de presente envenenado. Esta missiva foi enviada aos dois diários cá da região, Correio do Minho e Diário do Minho que consideraram o assunto pouco pertinente para ser publicado, em termos de sangue eleitoral vivo.
Usar os nossos filhos… não!
No lançamento deste ano lectivo as escolas foram desafiadas a definir medidas de prevenção e combate da propagação do vírus da Gripe A (H1N1). Fomos sossegados pelo Ministério da Educação que nos garantiu que todas as escolas estavam dotadas de um Plano de Contingência que nos dava garantias de que a escola pública estava preparada para colaborar na minimização do impacto do vírus na sociedade portuguesa.
Quer o Ministério da Educação, através das suas DRE´s e da DGIDC, quer a Direcção Geral de Saúde produziram orientações sobre as medidas que as escolas deveriam tomar. Houve reforço de verbas para a aquisição de material de higienização, formação dos profissionais, aconselhamento sobre os procedimentos e comportamentos a adoptar, entre eles, os hábitos de higienização e os procedimentos para evitar ajuntamento de alunos e saídas dos alunos em actividades no exterior (ex. passeios ou Visitas de Estudo).
Os nossos filhos estão verdadeiramente empenhados… têm respeitado as orientações dos seus professores… as suas mãos secas e maltratadas (fruto daqueles antisépticos de base alcoólica que os adultos lhes descarregam diariamente nas mãos) são testemunhas disto. Conhecem as regras, os distanciamentos que devem manter, os contactos que devem evitar, etc.
Somos confrontados com os números nacionais sobre os casos de Gripe A que indiciam cenários reais de preocupação quer na sociedade quer nas escolas. Vamos conhecendo situações que se têm manifestado em escolas de Braga.
Questionemo-nos, então, sobre os factos que passo a apresentar:
1. Anualmente, a Câmara Municipal de Braga, organiza e financia o passeio de finalistas dos alunos do 1ºciclo (pelos menos na freguesia de Gualtar), levando-os a visitar a Assembleia da República e o Jardim Zoológico de Lisboa no decorrer do segundo ou terceiro períodos de cada ano lectivo;
2. Estranha e apressadamente, este ano, contra toda a lógica e previsão, a Câmara Municipal de Braga antecipa a actividade para o dia 1 de Outubro (falo só pela freguesia de Gualtar), informando os encarregados de educação em 3 comunicados distintos que financiará uma visita dos alunos ao Jardim Zoológico de Lisboa;
3. Pelos perigos já expostos, tentei que o meu educando não participasse, mas o seu entusiasmo e expectativa falaram mais alto. Fiquei surpreendido quando hoje, pelas 6h30, vejo junto da escola de Gualtar o autocarro nº10 à espera dos alunos de Gualtar (10 autocarros x 50 alunos por autocarro = 500 crianças, no mínimo!), tendo ficado a saber que vai toda a criançada finalista do concelho a Lisboa (parece que em 3 dias);
4. Às 22h30 chegou exausto e feliz do passeio. Aparentemente, tudo correu bem. Até pode não se ter cruzado com nenhum H1N1… mas… mas… e se… a quem poderemos pedir contas?
Só posso concluir que os motivos que estão na origem da pressa com que esta actividade foi realizada são os mesmos que estão associados ao frenesim com que são distribuídos lápis de cor e bolas junto à escola.
Ou então, se existe assim tanta preocupação com a educação ou tantos recursos públicos disponíveis, porque não são aplicados no apoio efectivo às escolas evitando, assim, que anualmente, os professores mendiguem junto dos pais / encarregados de educação um donativo à escola (este ano somos voluntariamente obrigados a entregar 15 €!) para cobrir despesas com fotocópias e outros materiais consumíveis?
Desabafo de uma mãe atenta e preocupada!
Gualtar, 1 de Outubro de 2009.
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