23 de Janeiro de 2010, manhã cedo, com a trouxa da merenda, a faméglia enfiada num chasso franciú viejo de uma geração, com trocas de mimos, para impor ordem em crianços ranhosos e com um ar de enfastiamento e de tentativa de sabotagem, porque foram arrancados à sorna, no desfraldar da madrugada, ei-nos a caminho de mais uma jornada de luta e de sobrevivência, nesta guerra civil em que todos os dias os africanos da Europa se entregam com grande espirito patriótico: trânsito.
Já o Sol vai alto, pelas oito da matina e entramos na nacional 103 que liga Braga a Montalegre, com a consciência de estarmos a contribuir para o aumento do consumo (nunca podendo ultrapassar os 70/80 km/h, porque havia uma cola atrás de um bus de Paços de Ferreira) , tendo em vista a resolução da crise mundial.
Engraçado, apesar de usarmos óculos, embora de baixa graduação, eu e a patroa ficámos com a sensação de que algo estava errado; ao longo dos últimos 20 anos, neste ir e vir de cerca de 60 mil km, nunca tinhamos reparado (quiçá o oftalmologista ter-se-á enganado ao graduar as dioptrias, confundindo hipometropia com astigmatismo) que as curvas se tinham transformado em rectas, que as linhas contínuas (únicas ou paralelas) passassem a descontínuas e que os sinais vermelhos (zona de Medeiros) se confundissem com os verdes.
Era ver a squadra Ordo Domus Sanctæ Mariæ Theutonicorum, topo gama em marcha de cruzeiro, com velocidades acima dos 100km/h e sempre a direito, ulrapassando o resto, com se todos os outros fossem tartarugas paralíticas.
Claro que, os que vinha para Braga, em sentido contrário, devem ter descoberto terceiras vias nas valetas, porque se as valetas anteriormente não comportavam tal dimensão, então passaram a ter.
Em Portugal, o que é preciso é possuir imaginação e sentido de oportunidade.
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