ESCOLA SECUNDÁRIA DE ALBERTO SAMPAIO – BRAGA
MANIFESTO
A
ESAS comemora 40 anos de História. A
festa começou em janeiro e visa lembrar e atualizar o que tem sido o seu
projeto educativo.
Em
jeito de memorandum, lembrem-se alguns aspetos do seu labor ao longo dos
tempos, aqueles que constituem o seu agora, disposto a manifestar-se em
qualquer altura. Quando é necessário.
A
ESAS é um projeto integrado, aberto
à comunidade, solidário e rigoroso na concretização da ação educativa e da
cultura escolar. A ESAS tem
efetivamente uma cultura, que se manifesta na livre circulação, na partilha de
decisões, na discussão aberta e séria sobre a sua vida quotidiana. A ESAS autoavalia-se frequentemente.
A
ESAS é um espaço livre, um lugar de
debate e de crítica, uma dinâmica de relações que se tem pautado pela busca de
uma vida pública e política democrática. A ESAS
é uma sociedade crítica, um harmonioso tecido de diferenças, de apetências
técnicas e artísticas.
A
ESAS é um dos palcos do desporto escolar mais importantes do país; a ESAS honra e sublima a imprensa escolar
com a publicação anual da revista Defacto; a ESAS também é uma escola de teatro que forma atores, faz
espetáculos e passa o testemunho; a ESAS
é o belíssimo Espaço Botânico Dr. Manuel de Oliveira Faria, com os seus
inúmeros jardins e espécies; a ESAS
é as Artes em festa e a pequena grande biblioteca Dr. Manuel Monteiro; a
ESAS é os seus auditórios,
frequentemente cheios de público que assiste a aulas, que vê cinema, concertos,
debates, apresentação de livros, colóquios, reuniões; a ESAS é os seus laboratórios e aulas abertas, as candidaturas a
projetos e as viagens científicas; a ESAS
é as dezenas de viagens de estudo e de espetáculos; a ESAS é as saídas, as visitas e as associações de antigos alunos e
professores que visitam a escola e desenvolvem ações culturais de relevo.
A
ESAS é a sua gente, os seus alunos
estrangeiros, a escola à noite dedicada ao ensino pós-laboral. A ESAS dedica-se a todos os alunos e
também aos que se veem diminuídos nas suas possibilidades de desenvolvimento de
atividades de aprendizagem por motivo de insuficiência auditiva, psicomotora ou
outra. A ESAS promove o ensino
bilingue de alunos surdos desde 1993 e foi pioneira nesta área, no distrito,
criando o primeiro curso do ensino secundário. De então para cá, estes projetos
consolidaram-se, constituindo uma das facetas mais relevantes desta comunidade
educativa.
A
ESAS é os seus trabalhadores da
manutenção, da limpeza e da segurança, dos serviços administrativos, do bar, da
biblioteca e do pavilhão, da portaria e de todos os blocos e espaços
estratégicos.
A
comunidade educativa da ESAS tem
sido participante nos sucessivos trabalhos de reabilitação e melhoria das
condições logísticas e arquitetónicas. A ESAS
também se dedica ao design e à cenografia dos seus múltiplos espaços. A
ESAS é uma escola que emergiu com o 25 de abril e que continua a fazê-lo.
A ESAS é uma escola de cidadania.
A
ESAS foi objeto de sucessivas
avaliações externas que, para além de garantirem a efetiva prestação de contas
no que respeita à ação educativa desenvolvida, permitiram aferir das
capacidades, condições e possibilidades da escola poder celebrar com a
sociedade portuguesa, através do governo eleito, um contrato de autonomia. O
resultado da avaliação é do conhecimento público e não poderia ser mais
elogioso.
A
ESAS é uma escola leal,
desempoeirada e empreendedora e sente-se orgulhosa da sua matriz fortemente
devedora de uma cultura popular.
A
ESAS considera que tem convivido bem
com o nascimento e exercício de poder nascido da pólis. O exercício do
poder, na ESAS, tem respeitado
sempre as boas regras democráticas da convivência. Quando assim não é, a ESAS manifesta-se.
A
ESAS privilegia o ensino, a
responsabilidade no comportamento diário, a busca do saber, a segurança e a
dignidade advinda do comportamento ético.
A
ESAS sempre participou nas
iniciativas que contribuam para o desenvolvimento dos processos de
monitorização do ensino e das aprendizagens. Dessa forma, realiza nomeadamente
as provas intermédias nacionais que o GAVE disponibiliza. A ESAS constroi, também, as suas provas
intermédias e realiza, há vários anos, aulas abertas de preparação para exame,
abertas a toda a comunidade, a alunos de todas as escolas e a candidatos de
todas as idades.
A
ESAS mantém a sua Oficina de Latim,
de Língua Portuguesa ou de Robótica, as suas festas e jantares, o Clube de
Arqueologia ou de Fernando Pessoa; a ESAS
lembra as línguas; os departamentos da ESAS
realizam frequentes ações de formação e de animação. A ESAS sabe cantar e tem o seu grupo coral.
Até
à data, a ESAS respondeu
positivamente a todas as solicitações provenientes da comunidade, entendida
esta no seu sentido mais vasto e plural. Sempre estivemos presentes nos
momentos em que foi necessário representar a Educação, a Cidade e o País, em
que foi necessário partilhar experiências, debater assuntos, propor soluções.
A
ESAS está disponível para desafios
maiores, para contributos maiores, sustentados na dimensão que integra, na
identidade construída, na disponibilidade que evidencia para novos projetos e
no necessário reconhecimento do que já alcançou.
Os
profissionais desta escola estarão novamente disponíveis para partilhar,
experimentar, aprender, desde que a essência do seu contributo seja preservada,
desde que as condições instituídas, nomeadamente em matéria de dimensão,
garantam a continuidade do investimento profissional realizado.
Discordando
em absoluto da proposta de agrupamento ou agregação, a ESAS, contudo, estará sempre aberta a iniciativas que possam
integrar diferentes parceiros, podendo participar em projetos que impliquem uma
maior articulação entre diversas organizações educativas.
A
agregação da ESAS significaria,
porém, o fim de um contributo construído ao longo do tempo, com rigor,
conhecimento, monitorização, empenho e com resultados formalmente reconhecidos.
Constituiria, pois, um grave atentado à honra dos cidadãos e ao património da
cidade de Braga.
A
ESAS investiga as consequências que
poderão advir da sua integração num agrupamento de escolas e afirma solenemente
que não está interessada em ver desaparecer o ambiente educativo que todos
ajudaram a criar ao longo dos tempos, até porque daí resultariam consequências
muito negativas para a cidade e para o ensino.
Uma
previsão moderada das consequências da concretização de um agrupamento,
levam-nos a prever a centralização do poder e o seu afastamento da pólis através
de processos de ocultação da humanidade dos decisores. Haverá um aumento drástico
dos processos de burocratização da vida profissional e o sucessivo e paulatino
desregulamento geral da comunicação entre partes, indivíduos, grupos,
departamentos e direção.
A
ESAS não se conforma, nem se
conformará, com a eventualidade de ver destruído o seu património mais
precioso, na consciência de que muito do seu saber, saber estar, saber ser
escola hoje, não se importa nem se exporta, acontece no tempo, vive-se também
porque se viveu, acontece na pele e na vontade de cada um, que depois se transformam
em muitos, e não é garantido que renasça a cada tábua rasa infligida ao esforço
despendido ao longo de anos.
A
ESAS tem demonstrado sobejamente que
sabe ser escola.
A
ESAS é um caso único, um
acontecimento, uma capacidade de reunião.
A
ESAS não foi sempre assim, a sua
identidade foi-se construindo à custa de confiança, cumplicidade e coincidência
de vontades de toda a sua comunidade educativa. Assim, a construção da
identidade da escola não é independente nem da qualidade nem da quantidade das suas
gentes. O desenvolvimento do trabalho cooperativo e a integração de práticas
sistemáticas de monitorização interna são processos que exigiram muito tempo
quer ao nível da sua conceção, quer ao nível da sua necessária experimentação,
correção, generalização, apropriação, avaliação e discussão sistemática.
A ESAS recusa-se
a ser condenada à extinção por via da sua integração num agrupamento de
escolas.
A ESAS pretende
apenas continuar a ser a Escola Alberto Sampaio, num sério compromisso com a
Educação, com o Futuro, com o País.
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