(Esta escuta nunca aconteceu, mas podia ou poderá acontecer…, os factos e os protagonistas, no entanto, são verdadeiros e qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência e especulação jornalística).
Take 1
PCE: … bem Sr. DR, sabe, relativamente àquele assunto, o do outro dia, sobre aquele professor merdoso, que está a meter-se sempre onde não é chamado e que me põe nervoso, cada vez que fala na AE, o que é que se pode fazer? O que vale é que os outros têm medo de mim ou têm interesses próprios e fica sempre em minoria, nas votações; mas chateia-me o juízo e parece que é familiar de um ministro e, se chega a ouvidos maldosos, fico tramado. Por isso é que não sei como hei-de arranjar outra forma de justificar mais esta falta do dinheiro, estou um bocado nervoso, sabe … é que aquele dinheiro, do poker em que estivemos e depois também o que joguei no totoloto…, era da escola… e esta coisa da inspecção…
DR: Ó homem, tenha calma, se isso de ele ser da família do ministro é verdade, então é melhor não fazer ondas e deixá-lo a pregar no deserto. Relativamente ao dinheiro, pense… faça como lhe ensinei, arranje umas facturas que possam cobrir a despesa e ninguém poderá acusá-lo e, sobre a inspecção, sabe que pode contar sempre comigo, para a controlar, um presunto amigo unta-lhes as mão e está o caso resolvido Aliás, desde que se filiou no PSD, que é um partido de Poder, está em boas mãos, os amigos defendem-se sempre. Esses da inspecção que andam por aí, também são camaradas, e espero que já se tenha desvinculado do PS, …
PCE: Só que…, parece faltarem-me as ideias, tenho a cabeça muito baralhada…
DR: Bem, bem…, essa escola não tem opções de construção civil?
PCE: Sim, mas mesmo assim…
DR: Qual é o problema agora?
PCE: É que, apresentar facturas passadas, sobre obras realizadas pelos nossos trabalhadores da manutenção, parece algo muito repetitivo. O Sr. DR concerteza que se lembra das dificuldades de contabilizar 4 000 €, sobre obras de um laboratório de Biologia e que ficaram, apenas, por 200 € em material e eu não percebo nada desse tipo de contas…
Tirar o dinheiro do DCR da escola é fácil, porque quem manda sou eu, mas do OGE faz-me sentir um tudo nada mais nervoso.
DR: Não me diga que está agora com pruridos de consciência; se não teve problemas em passar cheques em seu próprio benefício, qual é o problema agora!
PCE: Só que, mesmo assim, o gerente do banco, que também era camarada e para dar o aval, por falta de assinatura do tesoureiro, exigia uma comissão…
DR: Não me diga que queria ficar com os 150 000 € só para si? Também temos de saber repartir pelos amigos!
PCE: O Sr. DR sabe que, para mim, é o maior amigo, mas distribuir por outros…
DR: Bem, pense bem, não desmoralize e prá frente é que este país africano se desenvolve. Já agora, não se esqueça de mandar outra remessa desse delicioso fumeiro siciliano, que cá a minha Patroa muito aprecia.
PCE: é já prá manhã, na volta do correio e vai ver que os chouriços são de comer e de chorar por mais. Quanto a isso, esteja descansado
DR: Bem, é melhor ficarmos por aqui e vá-me dando novidades. Não desanime.
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