Nos últimos tempos temos vindo a assistir, na blogosfera, a um pequeno confronto, entre membros de direções sindicais englobados numa Plataforma Sindical e outros integrados em movimentos autónomos, com filosofias e identidades razoavelmente definidas, como MUP, APEDE, PROMOVA, etc.
Uma espécie de Feira de Vaidades?
No fundo, todos precisam de todos, de forma a evitar-se uma cristalização das respetivas inércias.
Na realidade, todas estas problemáticas, que se vão desenrolando, em vários cenários, podem-se consubstanciar em todo um conjunto de situações ambivalentes assentes nos princípios inerentes às mudanças sociais que os mais variados contendores vão promovendo, em função dos respetivos interesses, uns mais legítimos que outros.
No entanto, penso que a classe dos professores tem-se revelado muito conservadora na defesa dos respetivos interesses, ao longo dos últimos 100 anos.
Durante a 1.ª República revelaram-se como um dos esteios de sustentação do regime, a tal ponto que o Estado Novo sentiu esse temor e decidiu criar um interlúdio nos prazos de formação, durante a década de 30, ao fechar Escolas do Magistério Primário, ao criar, na década seguinte, a figura das regentes escolares e ao enfatizar a política educativa no lema de que saber ler pouco, contar e escrevinhar o nome.
Mesmo o processo da efetivação dos professores, ao nível do ensino liceal (classes médias/altas) e dos ensinos comercial e industrial (restante população), era cheio de escolhos de forma a criar a ideia da sacralização desta profissão perante a obediência/submissão ao regime (admiração à pessoa de Salazar e apenas uma ligeira crítica: salários baixos).
Durante a 3.ª República, os novos professores aderem com entusiasmo ao processo de alfabetização do MFA e ao processo SAAL. Depois, vão-se acomodando à situação e aderem às preocupações da classe política, tornando-se cúmplices, com a formação de inúmeras formações sindicais (dividir para reinar…).
Esta posição só desaparece cerca de alguns meses após a entrada de um novo Estatuto da Carreira Docente, principalmente com o concurso para professor Titular e com o processo de avaliação de desempenho, através da pressão de grupos autónomos de professores a partir dos quais os sindicatos acordam para uma nova realidade sobre a qual se encontravam alheados e que os levam a querem liderar todo o movimento de contestação, com medo de serem criticados pelos Tais Movimentos.
Estes, por sua vez, têm visto o seu poder de influenciar as diversas movimentações reduzido e tornarem-se mais conservadores, tendo em conta outras realidades e outra lucidez.
Os Professores encontram-se hoje outra vez um bocado alheados face a uma nova manifestação em Lisboa e só acordarão quando o processo de Mobilidade lhes fazer sentir que os Contratos por tempo Indeterminado vieram para ficar (submissão humilhante à Figura Paternal do Director) e algumas dessas lágrimas se transformarem em sangue, com reformas antecipadas ou demissões, etc.
O Masoquismo desta classe parece ser endémico, em termos de pandemia do comodismo e sem antibióticos adequados.
A falta de vontade de contestação dos sindicatos está, na maior parte das vezes, ligada ao controlo/subordinação dos Sindicatos e/ou dos Movimentos Sociais às estratégias de algumas das formações partidárias. Veja-se o que se passou recentemente durante o processo eleitoral do SPGL.
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