Estava-se no início de 1934. Com o mudar do ano, entra em vigor o Estatuto Nacional do Trabalho, fascista, e os sindicatos livres eram oficialmente proibidos, dando origem a outros, subjugados ao poder corporativo. Por todo o País, os trabalhadores combatem a fascização dos sindicatos e convocam para 18 de Janeiro uma greve geral revolucionária, com o objectivo de derrubar o governo de Salazar. A insurreição falha, mas na Marinha Grande os operários vidreiros tomam o poder. Apenas por algumas horas, é certo, pois a repressão esmagaria a revolta. No resto do País, esperavam-se acções iguais, mas em nenhum outro lado se repetiu o gesto dos operários marinhenses. Apesar de fracassada, a revolta dos trabalhadores vidreiros fica na história como um momento alto da resistência ao fascismo. E deixou sementes, que germinaram numa manhã de Abril, precisamente quatro décadas depois.
Contrariamente ao que sucedeu nas restantes localidades no dia 18 de Janeiro de 1934, na Marinha Grande os objectivos da greve geral revolucionária foram cumpridos: os operários tomaram o poder. Cercada a vila e cortados os acessos, os trabalhadores marinhenses ocuparam os Correios e o posto da GNR.
Derrotado o levantamento popular, começaram as perseguições e as capturas aos dirigentes sindicais, na sua maioria comunistas.
Na noite de 18 e nos dias seguintes, varreram toda a região, casa a casa. Nem o Pinhal de Leiria ficou por varrer.
O movimento foi liderado por José Gregório, Teotónio Martins, Manuel Baridó, António Guerra, Pedro Amarante Mendes, Miguel Henrique e Manuel Esteves de Carvalho...
O movimento foi liderado por José Gregório, Teotónio Martins, Manuel Baridó, António Guerra, Pedro Amarante Mendes, Miguel Henrique e Manuel Esteves de Carvalho...
Dos 152 presos que a 29 de Outubro foram inaugurar o sinistro Campo da Morte Lenta, 57 tinham participado na jornada do 18 de Janeiro, e entre os 32 presos assassinados no Campo do Tarrafal, estavam os marinhenses Augusto Costa, assassinado em Setembro de 1937, e António Guerra, assassinado em Dezembro de 1948.
A estas mortes dos revolucionários do 18 de Janeiro da Marinha Grande há que acrescentar as dos Francisco da Cruz e Manuel Carvalho, a primeira ocorrida na prisão de Angra do Heroísmo e a segunda no Hospital de Leiria, na sequência dos maus-tratos infligidos na altura da prisão.
A realidade histórica ainda está por desvendar na sua totalidade porque existem fatos e personalidades que se tornaram líderes que a censura de uns tem levado à omissão de outros...
Por sua vez, na leva para o canpo de concentração doTarrafal dos derrotados, o Governo aproveitou este fato e tentou decapitar o movimento oposicionista, comunista e anarco-sindicalista que lideraram sucessivas sublevações.
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