O diretor do
Jornal do Fundão tem uma capacidade assertiva para, em estilo de twiter, desmascarar os podres que destroiem este país:
A leitura do Diário da República é um bom território para descobrirmos exercícios de hipocrisia ao mais alto grau. Na crise que vai empobrecendo drasticamente o país, com o cutelo das dificuldades (sempre mais pesado) por cima da cabeça dos portugueses, vemos, com frequência, duas realidades contraditórias. Aparecem os membros do governo, com ar compungido (alguns, por desfastio, às vezes sorriem) anunciar o cardápio dos roubos perpetrados contra os cidadãos, às vezes com um discurso moralizador, tipo “a crise é igual para todos”, mas logo na prática se descobre que há sempre os tais mais iguais do que os outros. Benesses, isenções, favores, privilégios com sinal de casta partidária, levam o mais pacato cidadão a produzir indignação e protesto que dá para uma casa de família. Na teoria sacrificial, o governo todos os dias se desmente a si próprio. E aí, a leitura do Diário da República é de proveito e exemplo. Ora vejam:
“Diário da República, 2.ª série — N.º 217 — 11 de Novembro de 2011
Gabinete do Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais
Despacho n.º 15296/2011
Nos termos e ao abrigo do artigo 11.º do Decreto -Lei n.º 262/88, de 23 de Julho, nomeio o mestre João Pedro Martins Santos, do Centro de Estudos Fiscais, para exercer funções de assessoria no meu Gabinete, em regime de comissão de serviço, através do acordo de cedência de interesse público, auferindo como remuneração mensal, pelo serviço de origem, a que lhe é devida em razão da categoria que detém, acrescida de dois mil euros por mês, diferença essa a suportar pelo orçamento do meu Gabinete, com direito à percepção dos subsídios de férias e de Natal.
O presente despacho produz efeitos a partir de 1 de Setembro de 2011.
9 de Setembro de 2011. — O Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais,
Paulo de Faria Lince Núncio.”
O que é que se há-de dizer a esta falta de vergonha?
Fernando Paulouro Neves