A jornalista Graça Barbosa Ribeiro do jornal Público, através do desabafo dramático de vários professores, retrata o sentir de uma nova realidade, na escola pública.
O MEC responde que muitos professores saberão aprender a viver com a incerteza...
Cecília Lourenço: Nunca mais voltarei a ser a mesma
O pior é sentir que nunca mais vou ser a mesma. Pode parecer exagero. Mas é mesmo assim: eu, que não tinha medo, não voltarei a sentir-me segura. Não apenas na escola, mas no país.
No dia 12, o último antes do fim do prazo para a escola indicar os professores sem componente lectiva, não dormi. Mas não tive coragem de falar da minha angústia a alguém. Vivo no país cujo ministro disse que é preciso apostar na Matemática, dar mais horas a Matemática. E aos olhos dos meus colegas, no meio do caos em que se transformou a escola, eu era uma professora-com-uma-situação-mais-que-segura. Sem direito à dúvida, portanto.
Chegou sexta, dia 13. Sabia que quem tivesse horário zero seria notificado pela direcção da escola até às 18h30. Faltava um quarto de hora para as cinco quando caiu a mensagem de email. "Assunto: notificação." Chorei, horas, até já nem saber que chorava. E insisto: não foi só por causa do horário zero, daquele murro no estômago que é ler que não há alunos para nós. Foi também por sentir que algo em mim se quebrara, de forma irremediável.
O pior é sentir que nunca mais vou ser a mesma. Pode parecer exagero. Mas é mesmo assim: eu, que não tinha medo, não voltarei a sentir-me segura. Não apenas na escola, mas no país.
No dia 12, o último antes do fim do prazo para a escola indicar os professores sem componente lectiva, não dormi. Mas não tive coragem de falar da minha angústia a alguém. Vivo no país cujo ministro disse que é preciso apostar na Matemática, dar mais horas a Matemática. E aos olhos dos meus colegas, no meio do caos em que se transformou a escola, eu era uma professora-com-uma-situação-mais-que-segura. Sem direito à dúvida, portanto.
Chegou sexta, dia 13. Sabia que quem tivesse horário zero seria notificado pela direcção da escola até às 18h30. Faltava um quarto de hora para as cinco quando caiu a mensagem de email. "Assunto: notificação." Chorei, horas, até já nem saber que chorava. E insisto: não foi só por causa do horário zero, daquele murro no estômago que é ler que não há alunos para nós. Foi também por sentir que algo em mim se quebrara, de forma irremediável.
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