Bayard Demaria Boiteux (1916 - 2004)

NA ESCOLA, TAL COMO NO MUNDO, TODOS SOMOS PROFESSORES E TODOS SOMOS ALUNOS.
(Faculdade Economia Porto)

segunda-feira, setembro 10, 2012

Nuno Crato: The Day After...?

A entrevistadora, enquanto apoiante incondicional do Governo, entrou numa de pézinhos de lã, quiçá com medo de estalar o verniz das unhas dos tacões, embora, por vezes, tenha colocado algumas questões mais pertinentes, como o excesso de cursos universitários (ministro disse que os professores universitários têm sido dos mais sacrificados (!!!).
Quem o ouviu falar, em termos de suavizar eventuais resistências ou discordâncias com a incoerente política implementada, conclui que existem duas personalidades, dentro do mesmo corpo, por um lado temos o ministro que é um cidadão sofredor da troika e que exige dos outros rigor e defende a ética e a transparência, enquanto que o outro Crato, aparece como uma figura sinistra e cretina que, na sombra e nas profundezas do inferno, tem como missão redimir a humanidade, através do princípio de que quanto pior a situação, melhor estaremos.
O Ministro quer: 
  1. Melhores Professores e mais Exigentes, Programas mais claros e mais Exigentes e Alunos mais felizes...?
  2. Por outro lado, tentou desresponsabilizar-se dos erros cometidos pelo sistema/software de colocação de professores, transferido essa responsabilidade em exclusividade para as direcções, porque ele é contra o amiguismo
  3. As actuais reformas pretendem melhorar os resultados escolares e ao mesmo tempo, ainda estão a trabalhar, nessa missão (?).
  4. Devem ser as escolas a providenciar medidas para recuperar e ultrapassar eventuais dificuldades dos alunos, não explicando se essas dificuldades se devem a falta de estudo ou a dificuldades de aprendizagem de natureza cognitiva ou social ou psicológica ou de saúde. 
  5. O MEC vai fazer uma contratação extra, para os quadros das escolas, de professores actualmente no regime de contratados e ao mesmo tempo afirma que vão ser dispensados, para o próximo ano, mais professores (do Quadro ou Contratados?) 
Comparar o número necessário de professores, com a baixa da taxa de natalidade, sem referir o aumento do número de alunos, só pode ter origem numa pessoa paradoxalmente desqualificada.
 Até mesmo as sucessivas alterações nos mapas das diversas áreas curriculares, denotam uma dificuldade em estabelecer metas que optimizem o dual custo-benefício.
Nuno Crato necessita de ter umas acções de formação em Programação Linear (os alunos que fazem exame de 12º, aprendem esses assuntos)
 
Mas, o secretário geral do PS, o Sr. Inseguro, também tem culpas no cartório, porque, apesar de ter sido alertado, via Email personalizado, em Junho de 2012, recusou tomar qualquer posição, o que tacitamente corresponde ao facto de estar de acordo com as orientações provenientes do MEC.
Lembrou-se agora do facto de talvez existirem erros técnicos. Quer dizer que, mesmo assim e apesar de todas as trapalhadas, sobre a colocação de professores, o PS ainda quer acreditar na bondade do Ministro...

2 comentários:

Pedro disse...

Será que por aqui posso fazer algum comentário mais crítico ou só devemos dizer "Ámem e sim senhora, tem razão"???

A frase "figura sinistra e cretina que, na sombra e nas profundezas do inferno, tem como missão redimir a humanidade, através do princípio de que quanto pior a situação, melhor estaremos" mais parece saída de um filme de suspense e, na minha opinião, tem pouco ou nada de concreto!!!

Quanto as situações concretas:
1. É possível melhorar a escola com menos recursos? Eu acho que sim...
2. O grande erro de Crato na entrevista: desresponsabilizar quem cometeu e continua a cometer erros com as colocações. Era importante ouvir das palavras de Crato algo mais concreto e a certeza de que a culpa não irá morrer solteira.
3. As reformas estão em curso? Claro que sim. O mandato é de 4 anos.
4. As medidas de recuperação e apoio continuarão a existir e dependem muito da própria autonomia que se tem dado às escolas;
5. A questão das contratações parece-me óbvia: apenas as estritamente necessárias.
Quanto ao número de alunos, deixo os dados do GEPE:
Ano 2008/09 – 1610760 alunos
Ano 2009/10 – 1581049 alunos
Ano 2010/11 – 1528197 alunos

Capitão de Rebordelo disse...

Se passarmos ao domínio do absurdo, fazendo uma comparação com o ensino superior, também podemos afirmar que as turmas poderão ser constituídas por mais alunos, por exemplo, em aulas teóricas por 250 lugares sentados (Faculdade Economia Porto) ou por 400 lugares sentados (Facultad de Ciencias Económicas de Santiago de Compostela).
Como dar uma aula de Contabilidade Prática, com suporte de software de gestão, numa sala que só tem dimensão para cerca de 10 computadores e 28 alunos, porque são raras as disciplinas que têm desdobramento, no ensino profissional?
O livro de Nuno Crato onde critica o Eduquês, dos governos passados, também serve de crítica às actuais medidas implementadas.
Em termos de duração de 4 anos das reformas, tudo é aparentemente legitimado até às próximas eleições, mesmo que nessa altura já nada exista para desfazer/reformar.
Hitler conseguiu que a destruição da Alemanha, se realizasse até às últimas consequências, com acordo da maioria da população, que o elegeu, via eleições.
Sobre o número dos alunos matriculados, até ao 9º ano ou 12º ano?
Porque entre o fim da escolaridade obrigatória e o final do secundário, existe um hiato temporal, entre a obrigatoriedade e o ser voluntário.
Em termos estatísticos não se pode comparar dados de séries diferenciadas.
Contratados estritamente necessários, bem, então também poderemos reduzir as áreas de habilitações para se leccionarem as diversas disciplinas:
Filosofia leccionarem também Economia, Direito, História, Geografia ou Contabilidade.
Matemática também leccionarem Geometria.
Etc.